Não, este não é mais um texto pra avaliar
perdas e ganhos nem pra reclamar do horário de verão. O que eu quero é
aproveitar a mudança para acertar os ponteiros com o meu tempo. Em anos
anteriores, na véspera da troca, eu saía feito um fantasma da meia-noite,
mexendo em todos os relógios – os de casa e os pessoais – como se o
esquecimento de um fosse atrapalhar toda a minha rotina.
Desta vez, foi diferente. Meu celular se
alterou automaticamente. Só no dia seguinte, acertei aquele único relógio que
iria usar. E pronto. Todos os outros continuam com uma hora de atraso, fora das
convenções. E olha que são, pelo menos, 4 ou 5. Não fiz isso intencionalmente,
mas acabei concluindo: pode ser um bom treino pra não ser tão ansiosa e querer
mudar tudo de uma vez. Tenho essa mania de me antecipar demais, de achar que
não há mudanças sem choques. É bom aprender a fazer por etapas,
gra-da-ti-va-men-te! Reagir à medida que a situação se apresentar.
Claro que os compromissos vão ser mantidos
porque a agenda não depende só de mim. Mas olhar, de vez em quando, para o
relógio inalterado faz lembrar que existe outro tempo e que, em breve, eu volto
pra lá. Nada de radicalismos.
Também pretendo aproveitar esses dias mais
longos para outra prática – treinar a adaptação. Sou daquelas que levam duas
semanas para entrar no novo horário. Durmo bem mais tarde e acordo muito
sonolenta. Coisas de touro empacado mesmo. OK. Esta será uma ótima oportunidade
para ser mais flexível.
E deixo as sugestões pra você que também
custa a dormir nestes dias. Que tal ocupar as horas da falta de sono no namoro
ou num encontro prolongado com os amigos? Sair pra correr à noite ou escrever
crônicas, como estou fazendo agora... Se der, a gente empurra um pouquinho o momento
de acordar.
Meu primeiro fim de tarde desse horário de
primavera com cara de verão foi bem bonito. Foi só por causa da dança dos
relógios que vim pra casa com as cores do pôr-do-sol. Cores inacreditáveis na
mistura de flores roxas, céu rosado, o fim da luz natural e o começo da
artificial. Então que seja assim: que a gente tenha muitos dias iluminados pela
frente, com ou sem sono...