Outro dia, li uma piadinha aqui na
Internet, que dizia que as prestações de um presente para o ser amado costumam
durar mais do que o namoro. É engraçado, mas não deixa de ser trágico... As
relações são tão rápidas que terminam antes mesmo que você conheça melhor a
pessoa. Não dá nem tempo de apresentar à família, como se fazia antigamente.
E aí, olho a minha volta e vejo homens e
mulheres sem parceiros pelos mais diversos motivos. Do jeito que o amor anda
fugaz, às vezes, é melhor se recolher, ler um bom livro, sair com os amigos
porque essas relações, sim, costumam durar décadas.
Pra encurtar conversa, costumo concordar
quando dizem que estou sozinha porque eu quero. Mas, no fundo, sempre custei a
admitir isso. Foi numa caminhada (sozinha) à beira da Lagoa da Pampulha, que
aceitei a minha “culpa”. Primeiro, pra estar com alguém, tenho que estar
absolutamente apaixonada. Parece óbvio, mas não é. Tem gente que aceita o
pretendente apenas pra tapar buraco ou pra mostrar ao eterno julgamento dos
outros que não está só. Segundo motivo: aprendi a gostar da minha companhia. É
bom ter alguém, sim, mas não pra se sentar à mesa de um bar e os dois ficarem mudos,
bebendo pra enxergar o outro com mais condescendência.
Na praia, há pouco tempo, observei um
casal jovem que praticamente não se falava. Ele
lia o jornal. Ela olhava o mar. Ela lia a revista. Ele olhava outras mulheres. Foi assim até que, no dia seguinte,
apareceu outro casal. Pronto! Não faltou assunto aos quatro!
Na academia, uma dupla que, na minha
opinião, peca pelo excesso. A moça estava malhando. O noivo, com calça jeans e
sapatos, andava atrás dela o tempo todo, em cada um dos aparelhos. Como uma
sombra ou um anjo da guarda. Controle? Falta de interesses próprios? Dependência?
Até no casamento, um pouco de solidão faz
falta. Tem coisa que a gente só enxerga quando conversa com os próprios botões.
E a vida “a um” tem outras vantagens. Viajo pra onde eu quero com as companhias
que escolho. Não tenho que dar satisfação sobre horários ou atitudes. Mas nem sempre fui assim. Terminei um grande
amor porque morria de ciúme dele! Terminei outro porque ele morria de ciúme de mim! E foi só aí que entendi o quanto é
chato alguém que precisa tanto do outro que até se anula.
Hoje, eu quero um namorado que me ache
interessante do jeitinho que eu sou. Que não tenha medo de viver a história nem
pressa de terminá-la. Que me ensine algo e queira aprender comigo. Que
converse, olhando nos olhos e não para os lados. Que se entregue sem se
prender. Que seja companheiro nos dias bons e nas horas difíceis. Até lá, sim,
eu confesso: estou sozinha porque eu quero!
Amei o texto, Cláudia Gabriel! E quer saber? Sempre preferi a "vida a um" do que a "solidão a dois". Para serem bons, os encontros precisam ser verdadeiros, né, amiga? Bjos!
ResponderExcluirAmei o texto, Claudinha! E o melhor foi ver aquela piada do Face abrindo o texto! hehehe Bjos.
ResponderExcluirMuito bom! Fico triste por ver que a velocidade se transformou em qualidade! Quando lembro do Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima) falando na década de 80, que transformava a sua vida para não viver o tedio. Observo que tudo mudou e hoje a vida é uma agitação, muita informação, muitas mudanças, muita velocidade e muito estresse. Uma vida longe do tedio e da rotina.
ResponderExcluirImpressionante como ao longo do tempo vamos perdendo a capacidade de sentir friozinho na barriga, aquele arrepio gostoso do novo se revelando aos poucos. É fácil falar em falta de tempo, correria, rotina, mas não é preciso ser ficcionista para saber que tempo para aquele "alguém especial" a gente arranja...
ResponderExcluirclaudia,
ResponderExcluirvocê tem absoluta certeza que não quer se casar comigo?
mesmo?
batata?
É isso ai... verdade nua e crua. Quem já viveu um "bocadinho", e já teve vários relacionamentos, casamentos e etc... Pode assinar em baixo da sua cronica Claudinha.
ResponderExcluirCláudia,
ResponderExcluirAcho que viver "a um" é um grande aprendizado para viver a dois, a três, em família, em comunidade...
De fato, o mundo hoje é diferente, as coisas acontecem com maior rapidez, mas o enigma da esfinge permanece o mesmo:"decifra-me ou te devoro". É o que o mundo nos pede a cada instante: que o decifremos.
E como entender o mundo, se não nos entendermos primeiro?
Devemos ser nós mesmos o nosso amor primaz, a nossa melhor companhia. E é por isso que digo que saber viver "a um" (prazerosamente) é a base para os viveres múltiplos e subsequentes.
Quanto a viver a dois, acho que tem toda a razão quando diz que precisa ser por companheirismo, interesse recíproco e não apenas para constar. Eu diria que a base de viver a dois é a cumplicidade. É o que faz a soma das partes ser maior em quantidade e qualidade.
E obrigada por nos brindar com seus insights!
Saber escrever é saber conversar com o outro, é falar tão sutilmente de algo tão delicado. Eu tenho enfrentado coisas assim na minha vida, já fiz tudo errado, tenho tentado consertar, estou exatamente com uma pessoa que me respeita, que me trata como princesa, mas não me dá arrepios, que não me faz tremer. Preferi dar uma chance de me apaixonar. Não sei se é o certo.
ResponderExcluirClaudia Gabriel, vc arrasou...
ResponderExcluirsucesso, sempre
Marília Prates
Lindo texto ! Sincero, tocante. Precisamos estar atentos a balança da vida. O casamento é bom, mas é preciso não se anular. Deixo a dica de um blog que eu gosto muito. Está parado, mas vc vai ler muita coisa interessante. O nome é "Não 2 nem 1"
ResponderExcluir