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domingo, 7 de julho de 2013

As vantagens da vida "a um"

     Outro dia, li uma piadinha aqui na Internet, que dizia que as prestações de um presente para o ser amado costumam durar mais do que o namoro. É engraçado, mas não deixa de ser trágico... As relações são tão rápidas que terminam antes mesmo que você conheça melhor a pessoa. Não dá nem tempo de apresentar à família, como se fazia antigamente.

     E aí, olho a minha volta e vejo homens e mulheres sem parceiros pelos mais diversos motivos. Do jeito que o amor anda fugaz, às vezes, é melhor se recolher, ler um bom livro, sair com os amigos porque essas relações, sim, costumam durar décadas.
    
     Pra encurtar conversa, costumo concordar quando dizem que estou sozinha porque eu quero. Mas, no fundo, sempre custei a admitir isso. Foi numa caminhada (sozinha) à beira da Lagoa da Pampulha, que aceitei a minha “culpa”. Primeiro, pra estar com alguém, tenho que estar absolutamente apaixonada. Parece óbvio, mas não é. Tem gente que aceita o pretendente apenas pra tapar buraco ou pra mostrar ao eterno julgamento dos outros que não está só. Segundo motivo: aprendi a gostar da minha companhia. É bom ter alguém, sim, mas não pra se sentar à mesa de um bar e os dois ficarem mudos, bebendo pra enxergar o outro com mais condescendência.

     Na praia, há pouco tempo, observei um casal jovem que praticamente não se falava. Ele lia o jornal. Ela olhava o mar. Ela lia a revista. Ele olhava outras mulheres. Foi assim até que, no dia seguinte, apareceu outro casal. Pronto! Não faltou assunto aos quatro!

     Na academia, uma dupla que, na minha opinião, peca pelo excesso. A moça estava malhando. O noivo, com calça jeans e sapatos, andava atrás dela o tempo todo, em cada um dos aparelhos. Como uma sombra ou um anjo da guarda. Controle? Falta de interesses próprios? Dependência?

     Até no casamento, um pouco de solidão faz falta. Tem coisa que a gente só enxerga quando conversa com os próprios botões. E a vida “a um” tem outras vantagens. Viajo pra onde eu quero com as companhias que escolho. Não tenho que dar satisfação sobre horários ou atitudes.  Mas nem sempre fui assim. Terminei um grande amor porque morria de ciúme dele! Terminei outro porque ele morria de ciúme de mim! E foi só aí que entendi o quanto é chato alguém que precisa tanto do outro que até se anula.


     Hoje, eu quero um namorado que me ache interessante do jeitinho que eu sou. Que não tenha medo de viver a história nem pressa de terminá-la. Que me ensine algo e queira aprender comigo. Que converse, olhando nos olhos e não para os lados. Que se entregue sem se prender. Que seja companheiro nos dias bons e nas horas difíceis. Até lá, sim, eu confesso: estou sozinha porque eu quero!

10 comentários:

  1. Amei o texto, Cláudia Gabriel! E quer saber? Sempre preferi a "vida a um" do que a "solidão a dois". Para serem bons, os encontros precisam ser verdadeiros, né, amiga? Bjos!

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  2. Amei o texto, Claudinha! E o melhor foi ver aquela piada do Face abrindo o texto! hehehe Bjos.

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  3. Muito bom! Fico triste por ver que a velocidade se transformou em qualidade! Quando lembro do Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima) falando na década de 80, que transformava a sua vida para não viver o tedio. Observo que tudo mudou e hoje a vida é uma agitação, muita informação, muitas mudanças, muita velocidade e muito estresse. Uma vida longe do tedio e da rotina.

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  4. Impressionante como ao longo do tempo vamos perdendo a capacidade de sentir friozinho na barriga, aquele arrepio gostoso do novo se revelando aos poucos. É fácil falar em falta de tempo, correria, rotina, mas não é preciso ser ficcionista para saber que tempo para aquele "alguém especial" a gente arranja...

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  5. claudia,
    você tem absoluta certeza que não quer se casar comigo?
    mesmo?
    batata?

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  6. É isso ai... verdade nua e crua. Quem já viveu um "bocadinho", e já teve vários relacionamentos, casamentos e etc... Pode assinar em baixo da sua cronica Claudinha.

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  7. Cláudia,
    Acho que viver "a um" é um grande aprendizado para viver a dois, a três, em família, em comunidade...
    De fato, o mundo hoje é diferente, as coisas acontecem com maior rapidez, mas o enigma da esfinge permanece o mesmo:"decifra-me ou te devoro". É o que o mundo nos pede a cada instante: que o decifremos.
    E como entender o mundo, se não nos entendermos primeiro?
    Devemos ser nós mesmos o nosso amor primaz, a nossa melhor companhia. E é por isso que digo que saber viver "a um" (prazerosamente) é a base para os viveres múltiplos e subsequentes.
    Quanto a viver a dois, acho que tem toda a razão quando diz que precisa ser por companheirismo, interesse recíproco e não apenas para constar. Eu diria que a base de viver a dois é a cumplicidade. É o que faz a soma das partes ser maior em quantidade e qualidade.
    E obrigada por nos brindar com seus insights!

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  8. Saber escrever é saber conversar com o outro, é falar tão sutilmente de algo tão delicado. Eu tenho enfrentado coisas assim na minha vida, já fiz tudo errado, tenho tentado consertar, estou exatamente com uma pessoa que me respeita, que me trata como princesa, mas não me dá arrepios, que não me faz tremer. Preferi dar uma chance de me apaixonar. Não sei se é o certo.

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  9. Claudia Gabriel, vc arrasou...
    sucesso, sempre
    Marília Prates

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  10. Lindo texto ! Sincero, tocante. Precisamos estar atentos a balança da vida. O casamento é bom, mas é preciso não se anular. Deixo a dica de um blog que eu gosto muito. Está parado, mas vc vai ler muita coisa interessante. O nome é "Não 2 nem 1"

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